O RETORNO AO SAGRADO!
Hoje estamos diante de muitas formas de espiritualidade. E, sem dúvida, isto contrasta em muito a previsão dos filósofos que acreditavam e anunciavam o fim do religioso e/ou do ‘império’ do sagrado. No entanto, o que vemos hoje ao nosso redor é exatamente o contrário. E vários fatores convergem, neste momento atual para o surto religioso ou o retorno ao sagrado.
Em primeiro lugar vamos mostrar uma questão antropológica, que leva sem mais nem menos à busca do sagrado. Este busca pelo sagrado, pelo divino é realidade de sempre e, ela se encontra e/ou faz parte da própria base do ser humano, homem e mulher, que deseja o Transcendente - a Deus -, como tão bem expressa os salmos, a ponto de comparar-nos com a corça que suspira pelas torrentes d’água. “Como a corça bramindo por águas correntes, assim minha alma está bramindo por ti, ó meu Deus”(Sl 42,2).
Nesta base antropológica o homem e a mulher se manifestam como sendo seres ‘carentes’ do sagrado. E aí se expressa a completude do ser humano, homem/mulher, sujeito pluridimensional, ser social, cultural e político, que também é, um ser religioso por essência. Isto quer dizer que o homem e a mulher são seres propensos, carentes de um sentido maior para suas vidas, são seres abertos ao sagrado, ao Transcendente, a uma Força Superior, Absoluto Único, Energia Vital.
É um dado inquestionável que a sociedade contemporânea vive um momento intensamente religioso. É muito fácil perceber este retorno ao sagrado hoje:
* Pelo inúmero surgimento de novos templos, casas de oração, grupos de filosofias de vida e comunidades de vida;
* Pela criação ou expansão inédita de novos movimentos religiosos;
* Pela trágica miséria das guerras, que na instância última de suas realizações, têm um fundamentalismo religioso;
* Pela grande propagação de novas conversões, oportunistas ou verdadeiras, de muitas pessoas, sobretudo, de pessoas famosas que a mídia divulga como “modelos” de vida nova;
* Pela corrida de grupos religiosos para adquirirem meios de comunicação rádios, jornais e televisão, como canais de propagação da fé;
* Pela explosão do “sacro mercadológico”. Basta imaginar a comercialização de tantos símbolos sagrados das diversas religiões, como também a expansão de livros e/ou artigos relacionados às religiões esotéricas, místicas e de auto-ajuda.
É inegável que a “onda mística” invade a sociedade contemporânea, impondo-se ou, pelo menos, que pode ser confundida com uma busca sincera do sagrado.
Conforme enunciamos acima, diversas circunstâncias históricas, como estamos vivendo atualmente, aguçam esta sede de experiências religiosas ou retorno ao sagrado.
Não é de se estranhar como o advento da modernidade e a evolução científica tornaram o homem e a mulher modernos; Inseguros e frágeis, diante de tantas catástrofes ocorridas nos últimos anos - as duas grandes guerras mundiais, os atentados terroristas, o surto do individualismo e do consumismo moderno e, mais ainda, o fracasso de tantas lutas revolucionárias, de tanto esforço em vão por mudar o sistema atual. Isto os levou muitos militantes a abandonarem se é que não já tenham abandonado a arena, refugiando-se na busca do religioso.
O grande problema é que infelizmente esta busca do religioso, este retorno ao sagrado, teve ou tem sua origem a partir de uma decepção, tornando-se uma busca frustrada. Popularmente se diz: “Vá devagar à fonte para não correr o risco de se afogar”. Eis o grande perigo desta busca pelo religioso/sagrado nos tempos atuais. Por ser uma busca que tem sua origem numa decepção, levar um número muito grande de homens e mulheres a correr cegamente atrás do religioso de forma alienada, sem compromisso, com a vida, sem militância, sem resistência e, acima de tudo, uma busca que foge do fundamento cristão, um Deus feito Homem.
Esta base constitutiva da busca do sagrado, na modernidade, já nos alerta para o risco deste alvorecer do sagrado envolver e, com certeza, envolve certa alienação política, ao vir substituir a militância pela oficina de oração, pelos seminários de vida no espírito, pelas sessões de cura e de descarrego e pelos “Cristo folia” – carnavais com Cristo.
Neste sentido caso queiramos mostrar como este fenômeno traz em si traços alienantes e alienadores basta buscar sua influência americana, como o próprio nome dado a alguns destes eventos tão bem nos confirma; “Christi dance night”, também tomemos, por exemplo, a Nova Era, que não pode ser tomada, de forma nenhuma, como religião, mas que de fato como “onda mística” ou “filosofia de vida” veio embalada no colorido dos presentes de luxo, importados dos Estados Unidos e que tem feito bastante sucesso em amplo setores da classe média e da juventude brasileira.
Assim sendo, tanto mais forte é a decepção com as lutas políticas, quanto maior aparece a corrupção e a decadência dos políticos. Desanimados/as diante da impotência do sistema e enojados/as de tanta corrupção homens e mulheres fogem do religioso que provoca uma tomada de posição, que questiona o sistema, que compromete e que resiste, para buscar o religioso de paradigmas serenos, de consolo, de consciência tranqüila e gozo espiritual.
Isto, porém, não quer dizer que a situação de hoje seja melhor que a de ontem, que de fato exista igualdade e fraternidade entre os seres humanos. Pelo contrário, eis que a desigualdade cresce cada vez mais. Já é um lugar comum dizer que a brecha entre pobres e ricos aumenta não só entre pessoas, mas também entre países e continentes. A fraternidade é ameaçada pelo individualismo e pela exclusão. A liberdade é ameaçada e sofre o embate das propagandas cada vez mais sutis, que nos condicionam a decisões consumistas.
A um Deus que nos ama com um amor incomensurável cabe-nos uma resposta de amor incondicional. É, pois, a partir desta aliança de amor que devemos fundamentar a busca do sagrado, porém, esta busca pelo religioso não pode vir de outra experiência a não ser de uma espiritualidade do seguimento a Jesus Cristo, o Filho de Deus Encarnado, Crucificado e Ressuscitado.
É nesta tríade cristológica que deve ser fundamentada a busca do religioso pelo homem e pela mulher hodiernos, pois nela não há lugar para uma alienação. É somente a partir do Nazareno que cada um e cada uma pode viver a espiritualidade do seguimento, compartilhando com Ele a experiência da crucificação e fazendo valer o mistério da Encarnação, comprometendo-se com tantos/as crucificados/as da história, que condividem com Cristo o peso diário de suas cruzes, cruz pessoal e social imposta por um sistema capitalista e excludente, que crucifica milhões e milhões de irmãos e irmãs nos dias de hoje.
É, pois, mediante a vivência do religioso que passa pela encarnação e a crucificação que o homem e a mulher modernos poderão apostar sem temor que assim como compartilham com Cristo a “dor” da encarnação e da crucificação, também compartilharão com Ele a alegria e a vitória da ressurreição e, fazendo de fato a experiência da vida querida por Jesus Cristo que afirma: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham e abundância”(Jo 10 ,10); viver como ressuscitados e cantar com o cantor e compositor Gonzaguinha “a vida é bonita, é bonita, é bonita...”.
É um dado inquestionável que a sociedade contemporânea vive um momento intensamente religioso. É muito fácil perceber este retorno ao sagrado hoje:
* Pelo inúmero surgimento de novos templos, casas de oração, grupos de filosofias de vida e comunidades de vida;
* Pela criação ou expansão inédita de novos movimentos religiosos;
* Pela trágica miséria das guerras, que na instância última de suas realizações, têm um fundamentalismo religioso;
* Pela grande propagação de novas conversões, oportunistas ou verdadeiras, de muitas pessoas, sobretudo, de pessoas famosas que a mídia divulga como “modelos” de vida nova;
* Pela corrida de grupos religiosos para adquirirem meios de comunicação rádios, jornais e televisão, como canais de propagação da fé;
* Pela explosão do “sacro mercadológico”. Basta imaginar a comercialização de tantos símbolos sagrados das diversas religiões, como também a expansão de livros e/ou artigos relacionados às religiões esotéricas, místicas e de auto-ajuda.
É inegável que a “onda mística” invade a sociedade contemporânea, impondo-se ou, pelo menos, que pode ser confundida com uma busca sincera do sagrado.
Conforme enunciamos acima, diversas circunstâncias históricas, como estamos vivendo atualmente, aguçam esta sede de experiências religiosas ou retorno ao sagrado.
Não é de se estranhar como o advento da modernidade e a evolução científica tornaram o homem e a mulher modernos; Inseguros e frágeis, diante de tantas catástrofes ocorridas nos últimos anos - as duas grandes guerras mundiais, os atentados terroristas, o surto do individualismo e do consumismo moderno e, mais ainda, o fracasso de tantas lutas revolucionárias, de tanto esforço em vão por mudar o sistema atual. Isto os levou muitos militantes a abandonarem se é que não já tenham abandonado a arena, refugiando-se na busca do religioso.
O grande problema é que infelizmente esta busca do religioso, este retorno ao sagrado, teve ou tem sua origem a partir de uma decepção, tornando-se uma busca frustrada. Popularmente se diz: “Vá devagar à fonte para não correr o risco de se afogar”. Eis o grande perigo desta busca pelo religioso/sagrado nos tempos atuais. Por ser uma busca que tem sua origem numa decepção, levar um número muito grande de homens e mulheres a correr cegamente atrás do religioso de forma alienada, sem compromisso, com a vida, sem militância, sem resistência e, acima de tudo, uma busca que foge do fundamento cristão, um Deus feito Homem.
Esta base constitutiva da busca do sagrado, na modernidade, já nos alerta para o risco deste alvorecer do sagrado envolver e, com certeza, envolve certa alienação política, ao vir substituir a militância pela oficina de oração, pelos seminários de vida no espírito, pelas sessões de cura e de descarrego e pelos “Cristo folia” – carnavais com Cristo.
Neste sentido caso queiramos mostrar como este fenômeno traz em si traços alienantes e alienadores basta buscar sua influência americana, como o próprio nome dado a alguns destes eventos tão bem nos confirma; “Christi dance night”, também tomemos, por exemplo, a Nova Era, que não pode ser tomada, de forma nenhuma, como religião, mas que de fato como “onda mística” ou “filosofia de vida” veio embalada no colorido dos presentes de luxo, importados dos Estados Unidos e que tem feito bastante sucesso em amplo setores da classe média e da juventude brasileira.
Assim sendo, tanto mais forte é a decepção com as lutas políticas, quanto maior aparece a corrupção e a decadência dos políticos. Desanimados/as diante da impotência do sistema e enojados/as de tanta corrupção homens e mulheres fogem do religioso que provoca uma tomada de posição, que questiona o sistema, que compromete e que resiste, para buscar o religioso de paradigmas serenos, de consolo, de consciência tranqüila e gozo espiritual.
Isto, porém, não quer dizer que a situação de hoje seja melhor que a de ontem, que de fato exista igualdade e fraternidade entre os seres humanos. Pelo contrário, eis que a desigualdade cresce cada vez mais. Já é um lugar comum dizer que a brecha entre pobres e ricos aumenta não só entre pessoas, mas também entre países e continentes. A fraternidade é ameaçada pelo individualismo e pela exclusão. A liberdade é ameaçada e sofre o embate das propagandas cada vez mais sutis, que nos condicionam a decisões consumistas.
A um Deus que nos ama com um amor incomensurável cabe-nos uma resposta de amor incondicional. É, pois, a partir desta aliança de amor que devemos fundamentar a busca do sagrado, porém, esta busca pelo religioso não pode vir de outra experiência a não ser de uma espiritualidade do seguimento a Jesus Cristo, o Filho de Deus Encarnado, Crucificado e Ressuscitado.
É nesta tríade cristológica que deve ser fundamentada a busca do religioso pelo homem e pela mulher hodiernos, pois nela não há lugar para uma alienação. É somente a partir do Nazareno que cada um e cada uma pode viver a espiritualidade do seguimento, compartilhando com Ele a experiência da crucificação e fazendo valer o mistério da Encarnação, comprometendo-se com tantos/as crucificados/as da história, que condividem com Cristo o peso diário de suas cruzes, cruz pessoal e social imposta por um sistema capitalista e excludente, que crucifica milhões e milhões de irmãos e irmãs nos dias de hoje.
É, pois, mediante a vivência do religioso que passa pela encarnação e a crucificação que o homem e a mulher modernos poderão apostar sem temor que assim como compartilham com Cristo a “dor” da encarnação e da crucificação, também compartilharão com Ele a alegria e a vitória da ressurreição e, fazendo de fato a experiência da vida querida por Jesus Cristo que afirma: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham e abundância”(Jo 10 ,10); viver como ressuscitados e cantar com o cantor e compositor Gonzaguinha “a vida é bonita, é bonita, é bonita...”.
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