No íntimo do ser humano, no mais profundo do seu ser, no âmago da vida e
da morte, no mundo e na história, existe uma fome profunda e angustiante há
dilacerar o coração da humanidade. A estes corações angustiados e sedentos,
dedicaremos uma série de artigos que passaremos a produzir a partir de agora
(Tempo da Quaresma) sobre o Ano da Fé.
Esta fome profunda, ninguém e, nada deste mundo poderá preencher e saciar: é a fome e a sede, do vazio do coração humano, que somente o peregrino de Nazaré - Jesus Cristo - poderá saciar.
Os homens e as mulheres de todos os tempos se perguntam: para que viver? Para que amar? Para que morrer? Que sentido tem o mundo com tantas
lutas e guerras?
Olhando ao
nosso redor, encontramos homens e mulheres, que interpelam-nos a respeito do
sentido último das coisas, em particular,
a respeito de Deus e da plausibilidade da religião.
Uma parcela da
sociedade vive entregue às vaidades e às futilidades da vida do tempo presente,
no ter e no poder: trabalhar e trabalhar,
consumir e conquistar posição e projeção sociais.
Outra parcela,
não de menor proporção, busca desenfreadamente um sentido para a vida entregando-se
a qualquer forma de vida e experiência religiosa: busca de sentido, carência do divino, carência de um sentido profundo
para a vida.
Não sem razão, outro
grupo de pessoas, nominalmente, um grupo não muito pequeno ainda, porém, de
convicção não muito numeroso, entrega-se no serviço simples e humilde, na
vivência da Palavra de Deus e no compromisso com o Reino de Deus. Vive
profundamente sua fé, no seguimento de Jesus e no testemunho profético, segundo
aquilo que crer e experimenta, a partir do encontro com o Crucificado
Ressuscitado.
O que é crer? Em que ou em Quem eu tenho fé, ou
melhor, eu creio?
Muitos,
principalmente, os jovens se perguntam cada dia mais: qual é o núcleo irredutível da fé? Qual é a Boa Nova que deve ser vivida? A Boa Nova a proclamar aos
homens e mulheres de hoje?
Quando falamos
ao homem ou à mulher de hoje, queremos dizer que “a fé se exprime em fórmulas
vinculadas à cultura de uma época” (Matagrin). Mesmo sendo verdades imutáveis,
Relevadas por Deus e, continuamente, guardadas e transmitidas pela Igreja, na
assistência do Espírito Santo, elas têm suas formulações dentro da cultura de
uma época.
Dito isso, uma
formulação de fé herdada do passado pode não ser acessível ao homem e à mulher
do século XXI. Isto não quer dizer que a verdade tenha se transformado e não
seja mais digna de credibilidade, porém, que a sua linguagem pode não ser compreendida
à geração de hoje.
Eis, pois,
nosso desafio! O Ano da Fé deverá ser este tempo oportuno para renovarmos nossa
vida da fé e, ao mesmo tempo, reinterpretar, expor de novo a fé eterna com as
imagens e a linguagem familiar ao nosso tempo, que passa velozmente, isto é, ao
homem pós-moderno.
A exortação segue sendo a mesma, que a "fé não pode mais ser considerada como um pressuposto óbvio da vida diária. Ora, tal pressuposto não só deixou de existir, mas frequentemente acaba até negado. No passado, era possível reconhecer um tecido cultural unitário, amplamente compartilhado no seu apelo aos conteúdos da fé e aos valores por ela inspirados, hoje parace que já não é assim em grandes setores da sociedade devido a uma profunda crise de fé que atingiu muitas pessoas" (Bento XVI, Porta Fidei,n.02).
Nesta mesma linha Karl Rahner, por ocasião do Ano da Fé, em 1967,
afirmou: Que os pregadores do Evangelho se esforcem por proclamar a velha fé
ortodoxa de tal forma que seja realmente compreendida pelo homem de hoje. Que
pensem, quando pregam, não nos piedosos – ou que se consideram tais – sentados embaixo
do púlpito, mas naqueles que ali não se encontram: os hesitantes, os incrédulos
e ateus: naqueles que o são e naqueles que se julgam sê-lo.
Crer é ter a certeza da presença do Alguém. É esperar mesmo diante, das
provas que o mundo lhe impõe e, ao mesmo tempo, tornar esta esperança credível
ao mundo e as outras pessoas. Até breve!!