A juventude: nossa paixão!
Sua vida e evangelização: nossa missão!*
A Igreja no Brasil, por meio da PJB (Pastorais da Juventude do Brasil), assumiu uma grande marcha que procura valorizar e defender a vida da juventude deste país. Marcha esta que custou a vida do «mártir da juventude» brasileira, o padre Gisley Azevedo, assassinado no último dia 15 de junho de 2009, fazendo-o vítima desta violência que ele mesmo tanto denunciou – Juventude em Marcha contra a violência e o extermínio de jovens, na luta pela vida!
Nossa luta é a defesa da vida, entendo-a como um grande dom de Deus. E, portanto, tudo aquilo que atenta contra ela atinge-nos direta ou indiretamente. Esta luta pela vida da juventude não poderá ser missão ou tarefa apenas das Pastorais da Juventude, nem só da Igreja, pois, a causa da vida ou o atentado contra ela, «clama aos ouvidos de Deus» pedindo justiça e ações concretas em favor da vida. Neste sentido recordemos, que no texto sagrado, ao narrar o ‘episódio de Cain e Abel’, Deus responsabiliza-nos uns pelos outros, perguntando: «onde está o teu irmão Abel?» (cf. Gêneses, 4,9). Deus continua perguntando-nos onde estão teus irmãos e irmãs jovens? O sangue de tantos/as jovens derramado, vítimas dessa infame violência, clama aos ouvidos de Deus!
1. Alargando os horizontes
Abordar esta questão da violência contra a juventude, deve levar-nos a abrir nosso leque de reflexão, colocando-a no âmbito da sociedade, para assim responsabilizarmos todos e todas, no sentido de mobilizarmos ações em favor da vida e, tendo presente que no centro de toda e qualquer forma de violência encontra-se uma causa social, ou dita em palavras negativas, encontra-se uma omissão ou um descaso social.
O Data-Folha, divulgou nesta terça-feira, dia 24 de novembro de 2009, um levantamento feito pela Fundação Seade a pedido do Ministério da Justiça, o qual revela que «os jovens com idade entre 19 e 24 anos são as principais vítimas da violência no Brasil» (cf.www1.folha.uol.com.br). Esta chocante constatação é fruto de uma pesquisa feita em 266 cidades, em todas as regiões do país.
2. O extermínio da Juventude: uma questão social
É verdade que existe uma profunda relação entre o extermínio de jovens e a questão social. E, mais uma vez esta relação vem expressa na referida abordagem, dizendo «que há uma relação direta entre violência e participação no mercado de trabalho e escolaridade»; apontando ainda que os «jovens e as jovens que não realizam funções remuneradas (os seja desempregados e desempregadas) e não estudam formam o grupo mais suscetível a ser vítima da violência» (Idem).
Segundo indicadores, desta mesma pesquisa, os jovens e as jovens, antes de mais nada, são vítimas de uma violência estrutural e social, manifesta na falta de trabalho (desemprego) e no escasso acesso à educação de qualidade.
Ante, esta realidade de atentado contra a vida da juventude nos perguntamos:
a) Quais nossas prioridades ou preocupações quanto à questão do desemprego, a falta de trabalho, que vitimiza milhões de jovens?
b) Quais têm sido os avanços políticos e educacionais, nas diversas instâncias do poder político, federal, estadual e municipais, no direito à escolaridade de todos e todas?
Porém, não basta estar na escola! É preciso políticas educacionais e empenho de todos e todas que atuam, nesta belíssima arte de educar, para que a juventude tenha um ensino de qualidade que oportunize ao jovem e a jovem o ingresso no competitivo mercado de trabalho e, também prepare-os para a entrada numa universidade de qualidade.
A partir apenas desses dois elementos (desemprego e escolaridade) percebemos que a juventude é vítima de uma violência estrutural e social, privando-a de direitos inalienáveis e bens vitais à sua vida. Soma-se a estes condicionamentos sociais outros fatores, que além de deixar o jovem e a jovem vulnerável, predispõe ao ingresso na violência física. Entre eles, destacamos o fato de 55% dos jovens afirmam já ter visto pessoas assassinadas, causando nestes uma crise existencial e um drama psicológico. E mais: sem estas necessidades básicas da vida satisfeitas os jovens e as jovens, entram numa espécie de subterfúgio, procurando «soluções fáceis» para seus problemas: o uso de entorpecentes, as drogas e, nesta pseudo-solução, encontra-se com enorme freqüência o consumo do álcool.
Nesta pesquisa que revela as cidades mais violentas do país, aparecem algumas das cidades do Nordeste brasileiro, destacando-se Maceió, a capital alagoana. Neste dado, dois elementos nos chamam a atenção:
Primeiro: a dor e o pranto da mãe de José Jackson Oliveira, 21 anos, estudante. Morto a tiros na periferia de Maceió. «Meu filho era um rapaz de bem. Ele vinha vindo da igreja da comunidade, para ajudar as pessoas e não fazia mal a ninguém», disse dona Maria de Fátima Oliveira.
O segundo vem exposto no pensamento da socióloga Belmira Magalhães, da Universidade Federal de Alagoas, que atribui a falta de perspectiva de futuro da juventude frente a todas estas questões, como uma das principais causas da violência e, em juízo categórico clama empenho de todos e todas no sentido de políticas públicas para a juventude dizendo: «não podemos mais nos furtar a isso. Os governos não podem mais fazer apenas políticas sociais paliativas» (Cf. WWW.primeiraediçao.com.br, de 25 do novembro de 2009).
3. A Juventude e a polícia
A sociedade e, nesta o ser humano, é uma teia de relações. E, portanto, se algo não vai bem todo o mais será, direto ou indiretamente, influenciado. Neste caso aqui prejudicado!
Além das relações, entre questão social, educação e falta de políticas públicas para a juventude, uma outra relação existente é a de jovens violentos(as) e violentados(as) e as ações policiais.
A mesma pesquisa apresentada pelo Data-Folha revela que «11% dos jovens brasileiros costuma presenciar violência policial». E esta tem sido uma realidade freqüente na sociedade brasileira. De um lado a juventude sem oportunidade de vida digna, procurando saídas para esta angústia existencial e, de outro lado, uma polícia armada que senti-se dona do mundo. Mal preparada e agressiva, sem capacidade e com pouco ou quase nada de interesse pelo engajamento numa ação preventiva e educativa, no que tange a questão das drogas e da violência em nossas cidades.
Para uma grande parte de corporação, a sociedade brasileira parece não ter mais cidadãos e cidadãs. Somos, por todos os lados, vítimas dessas abordagens grosseiras e agressivas, de muitos policiais. Não quero aqui ser interpretado como contrário ao trabalho da polícia. Estas provocantes interrogações se dirigem no sentido do meio como isto é praticado. Entendendo-a a parir daquela máxima que diz: «os meios não justificam os seus fins», isto é, o modo violento e agressivo das abordagens de muitos policiais não pode ser justificado e aceito pela população, porque são autoridades. Sua missão primeira é preservar a vida, proteger os homens e as mulheres e não violentá-los.
Infelizmente, na ação de muitos policias, receber uma farda e por na cintura uma arma de fogo, um revolver, parece significar, ser revestido de poder e força, para ter todos e todas sobre seu domínio e sua tirania autoritária. Basta tomarmos como exemplo, as muitas abordagens nestas blitz nas nossas estradas. Uns certos policiais chegam e nem procuram saber de quem se trata - se um cidadão ou cidadã ou um bandido e um malfeitor - vai logo grosseiramente abordando, quando não gritando e, pior ainda, as vezes colocando armas em cima das pessoas sem razão e sem necessidade. As blitz e as abordagens, são necessárias e legítimas, mas o modo de fazer torna-se humilhante para um cidadão e uma cidadã comum e anti-ético para um profissional, neste caso, para a polícia.
O caso ocorrido, no dia 21 de agosto de 2009, na estrada que liga Juazeiro à Curaça-BA, tornou-se antítipo de toda esta realidade da ação policial. Quando uma jovem de nome Adnair Oliveira de 20 anos de idade, retornava da escola numa van, juntamente com outros estudantes, e na estrada num bloqueio da polícia militar, foi atingida com uma bala no pescoço por um policial que estava na blitz, vindo a óbito na local (Cf. www.direitoshumanos.etc.br, dia 21 de agosto de 2009).
4. A Juventude precisa ser protagonista!
Não se pode entender nenhum grupo ou seguimento sem uma referência ao seu contexto. Isso vale muito bem para a juventude! Há jovens que estão imersos nessa sociedade buscando uma vida digna e se questionam sobre os critérios e valores e sobre as contradições existentes, na atual sociedade, quanto à construção de uma nova sociedade.
Porém, existe uma outra grande questão deverá ser considerada nesta abordagem. Quando falamos de jovens devemos nos perguntar: quem são os/as jovens? A grande dificuldade para responder a esta pergunta é que a definição de juventude, na sua grande maioria vem condicionada pelos interesses do grupo dominante, e por interesses ideológicos do grupo de poder, seja ele político, econômico, religioso e, conseqüentemente, ideológico.
Neste ponto, as classes dominantes, sabem muito trabalhar seu discurso para atingir a juventude. Elabora-se uma hierarquia de valores segundo seus interesses e necessidades, para que os/as jovens se sintam tocados/as por esta proposta. Aqui a mídia sabe muito bem qual linguagem empregar para conquistar a juventude, adaptando a cada circunstância.
Porém, devemos considerar que a juventude, não é esta tábua rasa, a constante espera, ou seja, em busca de realização. Ela também tem um quê de rebeldia, de instabilidade, de loucura, de paixão, de alienação e de irresponsabilidade. Todos estes condicionamentos terão de ser considerados no trabalho junto à juventude. Muitas vezes, sem saber, exato o quê quer, manifesta-se insatisfeita! E, aqui não nos assustemos, nem os repreendamos, pois, se a juventude perder ou for reprimida nestas suas qualidades, estamos podando e tolhendo, um traço importantíssimo e original, desse fase da vida. Exatamente, por isso, é que a juventude precisa ser conquistada!
Diante destas breves e insignificantes considerações, somos levados a (re)pensar nossa ação junto à juventude atual. Ouvimos muito falar em políticas públicas para a juventude, conselhos de juventude, etc. Resta-nos procurar saber que visão ideológica de juventude está por traz desses discursos. Será mesmo que os/as jovens são considerados, isto é, estão sendo protagonistas nestas e destas ações? Ou será que estão sendo meros, objetos de projetos pensados de cima para baixo, ou seja, por adultos elitistas, que fazem da juventude massa de manobra.
A pergunta que não quer calar é a seguinte: senhores(as) gestores(as), municipais e estaduais, legisladores e executivos, onde, quando, como e com quem e para quem foram realizados os fóruns e as conferências, municipais e estaduais de juventude; para discussão, aprovação e criação dos conselhos, municipais e estaduais de juventude; para apresentação das propostas, discussão, aprovação e elaboração dos planos de políticas públicas da juventude.
Ousadamente, passemos, então a apresentar alguns indicadores que poderão ajudar, a sociedade e a Igreja, na elaboração de ações públicas e de ações evangelizadoras junto à juventude:
1) Devemos elaborar um projeto de vida e dignidade da juventude que considere o presente e o futuro da juventude. O jovem é presente e futuro! Não apenas amanhã;
2) Uma política de juventude não se trata de apenas conceder direitos, mas de elaborar junto e com a juventude pistas de ação; definir e operacionalizar um projeto de nação, de estado e de município;
3) Deve-se também fazer com que todos os setores e seguimentos da sociedade sintam-se envolvidos e responsáveis pela juventude; diga-se isto também em relação à Igreja: todos e todas precisam sentir-se responsáveis pela evangelização da juventude;
4) É preciso garantir espaço para que o/a jovem expresse suas aspirações e participe das decisões;
5) É preciso estimular a capacidade do/da jovem de resolver seus problemas, fornecendo mecanismos e referenciais, para que ele/ela se firme socialmente;
6) É preciso fazer do/da jovem protagonista de sua ação, para que possa amadurecer e confrontar-se com os problemas, buscando ele/ela mesmo as suas soluções.
A ausência ou desconsiderações desses elementos na elaboração de ações junto a juventude, compromete a própria índole desta significativa parcela da sociedade: a juventude! Fere na sua essência a juventude, quanto ao seu dinamismo, criatividade e capacidade originárias. Sem contar que poderá ser qualquer outra coisa, menos ação de promoção da juventude. Já o nome parecer incorrer em equívocos, quando muito se fala em políticas publicas para a juventude, em vez de para a juventude, uma ação que respeita a juventude terá que conceber como política publica junto à juventude ou políticas públicas da juventude.
· É Administrador Paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Bom Conselho, Granito-PE; é assessor diocesano do Setor Juventude; articulador de Pastoral na Área do Araripe e Articulador diocesano de Pastoral.
Sua vida e evangelização: nossa missão!*
A Igreja no Brasil, por meio da PJB (Pastorais da Juventude do Brasil), assumiu uma grande marcha que procura valorizar e defender a vida da juventude deste país. Marcha esta que custou a vida do «mártir da juventude» brasileira, o padre Gisley Azevedo, assassinado no último dia 15 de junho de 2009, fazendo-o vítima desta violência que ele mesmo tanto denunciou – Juventude em Marcha contra a violência e o extermínio de jovens, na luta pela vida!
Nossa luta é a defesa da vida, entendo-a como um grande dom de Deus. E, portanto, tudo aquilo que atenta contra ela atinge-nos direta ou indiretamente. Esta luta pela vida da juventude não poderá ser missão ou tarefa apenas das Pastorais da Juventude, nem só da Igreja, pois, a causa da vida ou o atentado contra ela, «clama aos ouvidos de Deus» pedindo justiça e ações concretas em favor da vida. Neste sentido recordemos, que no texto sagrado, ao narrar o ‘episódio de Cain e Abel’, Deus responsabiliza-nos uns pelos outros, perguntando: «onde está o teu irmão Abel?» (cf. Gêneses, 4,9). Deus continua perguntando-nos onde estão teus irmãos e irmãs jovens? O sangue de tantos/as jovens derramado, vítimas dessa infame violência, clama aos ouvidos de Deus!
1. Alargando os horizontes
Abordar esta questão da violência contra a juventude, deve levar-nos a abrir nosso leque de reflexão, colocando-a no âmbito da sociedade, para assim responsabilizarmos todos e todas, no sentido de mobilizarmos ações em favor da vida e, tendo presente que no centro de toda e qualquer forma de violência encontra-se uma causa social, ou dita em palavras negativas, encontra-se uma omissão ou um descaso social.
O Data-Folha, divulgou nesta terça-feira, dia 24 de novembro de 2009, um levantamento feito pela Fundação Seade a pedido do Ministério da Justiça, o qual revela que «os jovens com idade entre 19 e 24 anos são as principais vítimas da violência no Brasil» (cf.www1.folha.uol.com.br). Esta chocante constatação é fruto de uma pesquisa feita em 266 cidades, em todas as regiões do país.
2. O extermínio da Juventude: uma questão social
É verdade que existe uma profunda relação entre o extermínio de jovens e a questão social. E, mais uma vez esta relação vem expressa na referida abordagem, dizendo «que há uma relação direta entre violência e participação no mercado de trabalho e escolaridade»; apontando ainda que os «jovens e as jovens que não realizam funções remuneradas (os seja desempregados e desempregadas) e não estudam formam o grupo mais suscetível a ser vítima da violência» (Idem).
Segundo indicadores, desta mesma pesquisa, os jovens e as jovens, antes de mais nada, são vítimas de uma violência estrutural e social, manifesta na falta de trabalho (desemprego) e no escasso acesso à educação de qualidade.
Ante, esta realidade de atentado contra a vida da juventude nos perguntamos:
a) Quais nossas prioridades ou preocupações quanto à questão do desemprego, a falta de trabalho, que vitimiza milhões de jovens?
b) Quais têm sido os avanços políticos e educacionais, nas diversas instâncias do poder político, federal, estadual e municipais, no direito à escolaridade de todos e todas?
Porém, não basta estar na escola! É preciso políticas educacionais e empenho de todos e todas que atuam, nesta belíssima arte de educar, para que a juventude tenha um ensino de qualidade que oportunize ao jovem e a jovem o ingresso no competitivo mercado de trabalho e, também prepare-os para a entrada numa universidade de qualidade.
A partir apenas desses dois elementos (desemprego e escolaridade) percebemos que a juventude é vítima de uma violência estrutural e social, privando-a de direitos inalienáveis e bens vitais à sua vida. Soma-se a estes condicionamentos sociais outros fatores, que além de deixar o jovem e a jovem vulnerável, predispõe ao ingresso na violência física. Entre eles, destacamos o fato de 55% dos jovens afirmam já ter visto pessoas assassinadas, causando nestes uma crise existencial e um drama psicológico. E mais: sem estas necessidades básicas da vida satisfeitas os jovens e as jovens, entram numa espécie de subterfúgio, procurando «soluções fáceis» para seus problemas: o uso de entorpecentes, as drogas e, nesta pseudo-solução, encontra-se com enorme freqüência o consumo do álcool.
Nesta pesquisa que revela as cidades mais violentas do país, aparecem algumas das cidades do Nordeste brasileiro, destacando-se Maceió, a capital alagoana. Neste dado, dois elementos nos chamam a atenção:
Primeiro: a dor e o pranto da mãe de José Jackson Oliveira, 21 anos, estudante. Morto a tiros na periferia de Maceió. «Meu filho era um rapaz de bem. Ele vinha vindo da igreja da comunidade, para ajudar as pessoas e não fazia mal a ninguém», disse dona Maria de Fátima Oliveira.
O segundo vem exposto no pensamento da socióloga Belmira Magalhães, da Universidade Federal de Alagoas, que atribui a falta de perspectiva de futuro da juventude frente a todas estas questões, como uma das principais causas da violência e, em juízo categórico clama empenho de todos e todas no sentido de políticas públicas para a juventude dizendo: «não podemos mais nos furtar a isso. Os governos não podem mais fazer apenas políticas sociais paliativas» (Cf. WWW.primeiraediçao.com.br, de 25 do novembro de 2009).
3. A Juventude e a polícia
A sociedade e, nesta o ser humano, é uma teia de relações. E, portanto, se algo não vai bem todo o mais será, direto ou indiretamente, influenciado. Neste caso aqui prejudicado!
Além das relações, entre questão social, educação e falta de políticas públicas para a juventude, uma outra relação existente é a de jovens violentos(as) e violentados(as) e as ações policiais.
A mesma pesquisa apresentada pelo Data-Folha revela que «11% dos jovens brasileiros costuma presenciar violência policial». E esta tem sido uma realidade freqüente na sociedade brasileira. De um lado a juventude sem oportunidade de vida digna, procurando saídas para esta angústia existencial e, de outro lado, uma polícia armada
Para uma grande parte de corporação, a sociedade brasileira parece não ter mais cidadãos e cidadãs. Somos, por todos os lados, vítimas dessas abordagens grosseiras e agressivas, de muitos policiais. Não quero aqui ser interpretado como contrário ao trabalho da polícia. Estas provocantes interrogações se dirigem no sentido do meio como isto é praticado. Entendendo-a a parir daquela máxima que diz: «os meios não justificam os seus fins», isto é, o modo violento e agressivo das abordagens de muitos policiais não pode ser justificado e aceito pela população, porque são autoridades. Sua missão primeira é preservar a vida, proteger os homens e as mulheres e não violentá-los.
Infelizmente, na ação de muitos policias, receber uma farda e por na cintura uma arma de fogo, um revolver, parece significar, ser revestido de poder e força, para ter todos e todas sobre seu domínio e sua tirania autoritária. Basta tomarmos como exemplo, as muitas abordagens nestas blitz nas nossas estradas. Uns certos policiais chegam e nem procuram saber de quem se trata - se um cidadão ou cidadã ou um bandido e um malfeitor - vai logo grosseiramente abordando, quando não gritando e, pior ainda, as vezes colocando armas em cima das pessoas sem razão e sem necessidade. As blitz e as abordagens, são necessárias e legítimas, mas o modo de fazer torna-se humilhante para um cidadão e uma cidadã comum e anti-ético para um profissional, neste caso, para a polícia.
O caso ocorrido, no dia 21 de agosto de 2009, na estrada que liga Juazeiro à Curaça-BA, tornou-se antítipo de toda esta realidade da ação policial. Quando uma jovem de nome Adnair Oliveira de 20 anos de idade, retornava da escola numa van, juntamente com outros estudantes, e na estrada num bloqueio da polícia militar, foi atingida com uma bala no pescoço por um policial que estava na blitz, vindo a óbito na local (Cf. www.direitoshumanos.etc.br, dia 21 de agosto de 2009).
4. A Juventude precisa ser protagonista!
Não se pode entender nenhum grupo ou seguimento sem uma referência ao seu contexto. Isso vale muito bem para a juventude! Há jovens que estão imersos nessa sociedade buscando uma vida digna e se questionam sobre os critérios e valores e sobre as contradições existentes, na atual sociedade, quanto à construção de uma nova sociedade.
Porém, existe uma outra grande questão deverá ser considerada nesta abordagem. Quando falamos de jovens devemos nos perguntar: quem são os/as jovens? A grande dificuldade para responder a esta pergunta é que a definição de juventude, na sua grande maioria vem condicionada pelos interesses do grupo dominante, e por interesses ideológicos do grupo de poder, seja ele político, econômico, religioso e, conseqüentemente, ideológico.
Neste ponto, as classes dominantes, sabem muito trabalhar seu discurso para atingir a juventude. Elabora-se uma hierarquia de valores segundo seus interesses e necessidades, para que os/as jovens se sintam tocados/as por esta proposta. Aqui a mídia sabe muito bem qual linguagem empregar para conquistar a juventude, adaptando a cada circunstância.
Porém, devemos considerar que a juventude, não é esta tábua rasa, a constante espera, ou seja, em busca de realização. Ela também tem um quê de rebeldia, de instabilidade, de loucura, de paixão, de alienação e de irresponsabilidade. Todos estes condicionamentos terão de ser considerados no trabalho junto à juventude. Muitas vezes, sem saber, exato o quê quer, manifesta-se insatisfeita! E, aqui não nos assustemos, nem os repreendamos, pois, se a juventude perder ou for reprimida nestas suas qualidades, estamos podando e tolhendo, um traço importantíssimo e original, desse fase da vida. Exatamente, por isso, é que a juventude precisa ser conquistada!
Diante destas breves e insignificantes considerações, somos levados a (re)pensar nossa ação junto à juventude atual. Ouvimos muito falar em políticas públicas para a juventude, conselhos de juventude, etc. Resta-nos procurar saber que visão ideológica de juventude está por traz desses discursos. Será mesmo que os/as jovens são considerados, isto é, estão sendo protagonistas nestas e destas ações? Ou será que estão sendo meros, objetos de projetos pensados de cima para baixo, ou seja, por adultos elitistas, que fazem da juventude massa de manobra.
A pergunta que não quer calar é a seguinte: senhores(as) gestores(as), municipais e estaduais, legisladores e executivos, onde, quando, como e com quem e para quem foram realizados os fóruns e as conferências, municipais e estaduais de juventude; para discussão, aprovação e criação dos conselhos, municipais e estaduais de juventude; para apresentação das propostas, discussão, aprovação e elaboração dos planos de políticas públicas da juventude.
Ousadamente, passemos, então a apresentar alguns indicadores que poderão ajudar, a sociedade e a Igreja, na elaboração de ações públicas e de ações evangelizadoras junto à juventude:
1) Devemos elaborar um projeto de vida e dignidade da juventude que considere o presente e o futuro da juventude. O jovem é presente e futuro! Não apenas amanhã;
2) Uma política de juventude não se trata de apenas conceder direitos, mas de elaborar junto e com a juventude pistas de ação; definir e operacionalizar um projeto de nação, de estado e de município;
3) Deve-se também fazer com que todos os setores e seguimentos da sociedade sintam-se envolvidos e responsáveis pela juventude; diga-se isto também em relação à Igreja: todos e todas precisam sentir-se responsáveis pela evangelização da juventude;
4) É preciso garantir espaço para que o/a jovem expresse suas aspirações e participe das decisões;
5) É preciso estimular a capacidade do/da jovem de resolver seus problemas, fornecendo mecanismos e referenciais, para que ele/ela se firme socialmente;
6) É preciso fazer do/da jovem protagonista de sua ação, para que possa amadurecer e confrontar-se com os problemas, buscando ele/ela mesmo as suas soluções.
A ausência ou desconsiderações desses elementos na elaboração de ações junto a juventude, compromete a própria índole desta significativa parcela da sociedade: a juventude! Fere na sua essência a juventude, quanto ao seu dinamismo, criatividade e capacidade originárias. Sem contar que poderá ser qualquer outra coisa, menos ação de promoção da juventude. Já o nome parecer incorrer em equívocos, quando muito se fala em políticas publicas para a juventude, em vez de para a juventude, uma ação que respeita a juventude terá que conceber como política publica junto à juventude ou políticas públicas da juventude.
· É Administrador Paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Bom Conselho, Granito-PE; é assessor diocesano do Setor Juventude; articulador de Pastoral na Área do Araripe e Articulador diocesano de Pastoral.