5 de dez. de 2012

POR UM PRESBITÉRIO MISSIONÁRIO!

               No nosso artigo precedente propomos as Santas Missões Populares como um meio estratégico de colocar a paróquia em estado permanente de missão, tendo como eixos integradores a formação dos leigos e a organização eclesial.
Porém, estamos profundamente convencidos que protagonismo missionário dos leigos e paróquia em missão permanente não será possível sem presbitério missionário.
Um presbitério missionário será possível quando seus membros se deixarem ser profundamente tocados pela missão de Jesus, como seguidores do Mestre e, continuadores da mesma missão. O presbitério que se deixa plasmar pela mesma missão de Jesus será missionário, participativo e fecundo. Assim será um presbitério livre, profético e servidor.
O sinal visível de um presbitério missionário é ser formado de presbíteros que vão além dos confins de suas comunidades, paróquias ou grupos, pois é próprio da missão superar barreiras e fronteiras. Sentem-se, igualmente, corresponsáveis e disponíveis pelo trabalho evangelizador de toda a Igreja Particular (Diocese), mas também não se sentem completos e satisfeitos apenas com a dimensão da sua diocese, alimentam e sentem seus corações pulsarem pela missão além-fronteira.
Outro sinal de um presbitério missionário será sempre o de alimentar a vocação missionária no seio da sua Igreja Particular e, sabendo acolhê-la como um dom e uma vocação suscitados pelo Espírito Santo, no seio da Igreja Local.
Mas que saberá também por pobre que seja e, por pequeno que seja este presbitério, será capaz de abrir-se, doar-se e motivar, seus membros (presbíteros) para a missão em outras regiões, em outros países.
Numa palavra: é saber partilhar da sua pobreza, pois “a maturidade da Igreja não é quando todos os problemas da diocese estão resolvidos, mas sim quando é capaz de abrir os olhos e o coração para olhar o mundo” (Dom Erwin Krauther).
A maturidade e a mística do seguimento de Jesus, expresso numa atitude de missionariedade dos presbíteros, faz que estes tenham olhos abertos às necessidades do mundo, aos problemas da Igreja Local e Universal, mas também aos problemas da humanidade. Um presbitério fechado em si mesmo, puramente apegado a questões de cunho religioso, que gira em torno de seu mundinho ou que não aceita quem pensa diferente e, age diferente muitas vezes criticamente, não expressa maturidade e espírito missionário.
A atitude missionária de um presbitério lança-o a está atento aos desafios do mundo, às angústias da humanidade e, será sempre capaz de se lançar com fidelidade e consciência histórica, colocando-se a serviço na defesa da vida humana e da vida do planeta.
O espirito missionário de um presbitério é que o torna profético, livre e saudável na sua ação evangelizadora. Olha para o mundo, vê os sofrimentos e as angústias da humanidade e se lança, sem reservas e restrições, não cedendo a tentação do poder, do ter e dos acordos políticos, muitas vezes em nome de um ministério para todos, querendo benefícios e privilégios próprios.
Isso não significa facilidade e tranquilidade, mas muitas vezes rejeição, incompreensão, injustiça. Porém, a mística do seguimento a Jesus Cristo, sustentará e fará perceber não poucas vezes que “muitas portas” neste mundo se fecharam para o presbítero, contudo, necessárias para que as do Reino de Deus se abram, pois, somente um presbitério missionário e pautado na ‘mística do seguimento’ será capaz de suscitar e sustentar leigos e leigas missionários.

AS SANTAS MISSÕES POPULARES PARA UMA PARÓQUIA EM ESTADO PERMANENTE DE MISSÃO!

                Nascida no século IV, como modelo eclesial administrativo, a paróquia não encarnou verdadeiramente o teor missionário do cristianismo, na sua ação evangelizadora. Modelo eclesial que se confirmou e vem perpassando séculos, chegando ao século XXI desatualizado e cercado de muitos desafios, revelando-se missionariamente impotente diante dos desafios atuais.
O tempo presente, seus desafios, valores sociais, demográficos (sua extensão territorial) e religiosos (sacramentalização, distanciamento de muitos fiéis, centralismos) atuais nos desafiam mostrando a necessidade de reestruturação das paróquias, para que elas sejam missionárias.
A pergunta que se faz é a seguinte: pode a paróquia ser uma instituição missionária? A resposta a esta provocação é o ponto de partida para esta reflexão ao longo no texto que nos propomos a aprofundar.
A Conferência de Aparecida acredita que a paróquia pode ser missionária, mas precisa passar por um profundo processo de mudança nas suas configurações atuais, na busca de reestruturação. Não basta incorporar adeptos sem identidade cristã e pouca pertença, mas ela precisa ser uma comunidade de discípulos missionários, que vivam sua fé em pequenas comunidades, comunidades criativas, dinâmicas e abertas para a acolhida e a participação ativa, em permanente formação.
A caminhada da Igreja no Brasil, ao longo do tempo tem mostrado, que a vivência em pequenas comunidades tem sido uma saída para a urgente e necessária renovação das paróquias; entre estas experiências exitosas, destacam-se na interação fé e vida, participação e compromisso na defesa da vida as Comunidades Eclesiais de Base, as CEBs.
Neste caminho de busca pela renovação das paróquias, desde a década de 70, temos contado com a experiência das Missões Populares, assumida por diferentes grupos e congregações religiosas que atuam nas missões.
As Missões Populares (Santas Missões Populares) buscam, por diferentes caminhos e meios, concretizar a missionariedade da paróquia, suscitando e dinamizando setores e pequenos grupos de famílias e de seguimentos da Igreja.
As Santas Missões Populares têm como meta a geração de discípulos missionários inseridos no seio de pequenas comunidades eclesiais, células vivas da paróquia, numa experiência de agrupá-las em setores (núcleos de evangelização) dentro da paróquia, no seio da grande comunidade, que é a diocese.
No esforço de renovação da paróquia, as Santas Missões Populares são um meio de reinventar a paróquia e fazer dela uma rede de pequenas comunidades compostas de pessoas com experiência de discipulado e compromisso missionário, na “alegria de ser discípulo missionário de Jesus Cristo”.
As Santas Missões Populares, na linha da Conferência de Aparecida, são um instrumento privilegiado capaz de propiciar a passagem de uma paróquia centrada numa pastoral de conservação a uma paróquia rede de comunidades missionárias e comprometidas na defase da vida. Neste processo dois elementos se fazem necessários: a formação dos leigos e a organização eclesial.