Dom Helder, sinal de contradição
Frei Aloísio Fragoso*
Dom Helder foi, antes de tudo, um profeta, no sentido bíblico da palavra: alguém que proclama, em nome de Deus, as verdades mais necessárias e incômodas.Seguindo a tradição dos antigos profetas da Bíblia, ele tornou-se um personagem controverso: amado e odiado, aplaudido e boicotado, tido em conta de santo quando distribuía pão com os famintos e acusado de subversivo quando denunciava as causas da fome.
"NENHUM PROFETA É RECONHECIDO EM SUA PRÓPRIA TERRA", disse Jesus, referindo-se a si mesmo, à fria acolhida dos seus conterrâneos em Nazaré da Galiléia. Algo semelhante aconteceu com dom Helder. Nos mesmos anos em que a ditadura militar armava todo tipo de estratégias para calar sua voz, a ponto de proibir a simples menção do seu nome na mídia, ele sofria pressões e ataques dentro da sua amada Igreja, da parte de seus irmãos no ministério. Embora eleito pelos jornalistas europeus como uma das dez personalidades mais influentes durante o Concílio Vaticano II, ele reconhece: "vim para cá com planos muitos queridos, sonhos que não pareciam meus. Não forcei a Providência; não houve nem sombra de clima para eles". O que muitos setores da Igreja temiam era sobretudo o novo estilo de episcopado que ele propunha, ao convidar todos os bispos presentes ao Concílio para depor suas cruzes de ouro ali mesmo e voltar para casa com cruzes de madeira penduradas ao pescoço.
Dom Helder foi ultrapassado pelos acontecimentos da história e da sua morte. Profetas e profetismo estão fora da moda hoje em dia. As Igrejas, de um modo geral, escolhem o caminho mais fácil de homilias que dizem o que a platéia quer ouvir e ritos para enternecer os corações, sem maior compromisso com o Evangelho.
Neste tipo de Igreja a memória de dom Helder continua sendo como fora sua vida, um "sinal de contradição" (cf. Lc. 2, 33 ). Contudo, a Igreja não se reduz aos seus setores mais visíveis, ela é feita também de resistências marginais, minorias lúcidas a quem Dom Helder chamava de "minorias abraâmicas". Estas cuidam de manter viva a herança do profeta, manter levantada a bandeira de uma Religião comprometida com a causa dos direitos dos mais fracos, com a dignidade da vida, com a procura de uma sociedade mais limpa e igualitária, com uma Igreja mais compassivamente mãe, a fim de ser autenticamente mestra.
"NENHUM PROFETA É RECONHECIDO EM SUA PRÓPRIA TERRA", disse Jesus, referindo-se a si mesmo, à fria acolhida dos seus conterrâneos em Nazaré da Galiléia. Algo semelhante aconteceu com dom Helder. Nos mesmos anos em que a ditadura militar armava todo tipo de estratégias para calar sua voz, a ponto de proibir a simples menção do seu nome na mídia, ele sofria pressões e ataques dentro da sua amada Igreja, da parte de seus irmãos no ministério. Embora eleito pelos jornalistas europeus como uma das dez personalidades mais influentes durante o Concílio Vaticano II, ele reconhece: "vim para cá com planos muitos queridos, sonhos que não pareciam meus. Não forcei a Providência; não houve nem sombra de clima para eles". O que muitos setores da Igreja temiam era sobretudo o novo estilo de episcopado que ele propunha, ao convidar todos os bispos presentes ao Concílio para depor suas cruzes de ouro ali mesmo e voltar para casa com cruzes de madeira penduradas ao pescoço.
Dom Helder foi ultrapassado pelos acontecimentos da história e da sua morte. Profetas e profetismo estão fora da moda hoje em dia. As Igrejas, de um modo geral, escolhem o caminho mais fácil de homilias que dizem o que a platéia quer ouvir e ritos para enternecer os corações, sem maior compromisso com o Evangelho.
Neste tipo de Igreja a memória de dom Helder continua sendo como fora sua vida, um "sinal de contradição" (cf. Lc. 2, 33 ). Contudo, a Igreja não se reduz aos seus setores mais visíveis, ela é feita também de resistências marginais, minorias lúcidas a quem Dom Helder chamava de "minorias abraâmicas". Estas cuidam de manter viva a herança do profeta, manter levantada a bandeira de uma Religião comprometida com a causa dos direitos dos mais fracos, com a dignidade da vida, com a procura de uma sociedade mais limpa e igualitária, com uma Igreja mais compassivamente mãe, a fim de ser autenticamente mestra.
* Frei Aloísio Fragoso é escritor e frade