O livro do
Apocalipse, no capítulo segundo, por repetidas vezes afirma: “quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz
às Igrejas”.
Considerando seu
contexto, temos um livro escrito no início do cristianismo, quando os cristãos
e as comunidades estavam sofrendo ameaças de diferentes naturezas pela sua
fidelidade à proposta de Jesus e, em meio às perseguições e ameaças, o autor
chama à ouvir a voz do Senhor e a discernir os rumos a seguir.
A Igreja no
Brasil, ao longo dos anos tem nos chamado a atenção para a questão missionária,
seja nos seus documentos, seja em muitas das suas realizações, encontros,
seminários, cursos, congressos, criação de comissões, a exemplo, da comissão
para a Amazônia, etc.
O Documento
de Aparecida (sem deixar de reconhecer tantos outros, nesta mesma
direção), foi este tempo de graça, quando nossos pastores, ouviram ‘o que o
Espírito disse à Igreja do Brasil’: ser
uma Igreja em estado permanente de missão.
Ao mesmo tempo em
que reconheceram múltiplas experiências missionárias existentes neste chão
brasileiro, também buscaram despertar a consciência de discípulos missionários
de todos os batizados, convidando-os ao encontro pessoal com Jesus Cristo, como
Aquele que dá sentido à vida e plenifica a nossa existência e, igualmente, a
viver esta experiência de Jesus em comunidade.
Nesta proposta de
ser uma Igreja em estado permanente de missão, tem papel relevante a diocese e,
nela as paróquias como unidades territoriais menores, porém, que precisam
passar por um processo de reestruturação para responder a este apelo de
Aparecida, tornando-as comunidade de comunidades.
No âmbito do
nosso projeto missionário paroquial – SANTAS MISSÕES POPULARES PARA UMA PARÓQUIA EM
ESTADO PERMANENTE DE MISSÃO, Cabrobó-PE – este ouvir o que o Espírito
nos diz expressa-se de diferentes modos, porém, quero destacar aqui apenas
dois:
a) Recordo-me,
da assembleia de pastoral paroquial, setembro de 2012, quando havia pensado na
proposta de num projeto missionário para a paróquia, fiz a apresentação e os membros
da mesma, pareciam não ter dado a mínima importância, falei para uma das religiosas
que trabalham comigo na paróquia, que não iria mais tratar disso, pois, achava que
não estavam interessados. Quando foi no segundo dia de trabalho da assembleia,
nas propostas os grupos de trabalho (núcleos de evangelização), por unanimidade
apresentaram como primeira evangelização porta a porta. Evangelização
porta a porta nada mais é que missão.
Primeiro
sinal de que era o Espírito que indicava o rumo a seguir e a conduz nesta
direção para a experiência missionária na paróquia de Cabrobó-PE.
b) O segundo sinal veio por ocasião do III Retiro
Missionário (Solenidade de Pentecostes de 2013). Na realização dos dois
primeiros retiros paroquiais, muito trabalho, muita dor de cabeça, as equipes
não andavam, não sabiam seu papel. Isso me deixou muitas vezes preocupado e
duvidoso se, realmente o projeto iria dar certo. Cheguei mesmo a pensar em
recuar, mesmo que nunca tivesse admitido esta possibilidade para a equipe da
secretaria executiva da missão paroquial.
Quando
abrimos as inscrições para os missionários se inscreverem, algumas surpresas
que nos desafiavam, mais que ao mesmo tempo, era um grande sinal positivo:
muitas pessoas que não eram dos grupos pastorais e não tinham envolvimento da
ação paroquial, fizeram cadastramento para serem missionários.
Por fim,
preparando-nos para o III Retiro missionário, muitas coisas ainda para
preparar, porém, foram aos poucos se tornando claras e definidas com mais
clareza e mais propriedade, as equipes assumiram seus trabalhos e, “sem
atropelos maiores”, tudo foi se resolvendo. Ao final das contas, tudo deu muito certo,
nosso retiro foi uma maravilha e uma benção de Deus e, na ocasião
aproximadamente quatrocentos e vinte (420) missionários(as) foram enviados pelo
nosso bispo diocesano.
Nestes pequenos e
simples sinais fui percebendo que era a ação do Espírito que conduzia, como que
confirmando que a obra é d’Ele. Quando muitas vezes eu disse: Senhor se a obra
é tua, mostra-me sinais.
É preciso “ouvir
o que o Espírito diz à Igreja” e, neste momento histórico, Ele parece nos
apontar que o caminho da evangelização ou da ação evangelizadora da Igreja
passa pela experiência da missão, tendo como chão geográfico a diocese e suas
comunidades paroquiais, tendo como eixo de mediação, o investir na formação dos
leigos, na setorização das paróquias e na criação de equipes de articulação e
coordenação missionárias.