Nascida no século IV, como modelo
eclesial administrativo, a paróquia não encarnou verdadeiramente o teor
missionário do cristianismo, na sua ação evangelizadora. Modelo eclesial que se
confirmou e vem perpassando séculos, chegando ao século XXI desatualizado e cercado
de muitos desafios, revelando-se missionariamente impotente diante dos desafios
atuais.
O tempo presente, seus desafios,
valores sociais, demográficos (sua extensão territorial) e religiosos
(sacramentalização, distanciamento de muitos fiéis, centralismos) atuais nos
desafiam mostrando a necessidade de reestruturação das paróquias, para que elas
sejam missionárias.
A pergunta que se faz é a seguinte: pode a paróquia ser uma instituição
missionária? A resposta a esta provocação é o ponto de partida para esta
reflexão ao longo no texto que nos propomos a aprofundar.
A Conferência de Aparecida acredita
que a paróquia pode ser missionária, mas precisa passar por um profundo
processo de mudança nas suas configurações atuais, na busca de reestruturação. Não
basta incorporar adeptos sem identidade cristã e pouca pertença, mas ela
precisa ser uma comunidade de discípulos missionários, que vivam sua fé em
pequenas comunidades, comunidades criativas, dinâmicas e abertas para a
acolhida e a participação ativa, em permanente formação.
A caminhada da Igreja no Brasil, ao
longo do tempo tem mostrado, que a vivência em pequenas comunidades tem sido
uma saída para a urgente e necessária renovação das paróquias; entre estas
experiências exitosas, destacam-se na interação fé e vida, participação e
compromisso na defesa da vida as Comunidades Eclesiais de Base, as CEBs.
Neste caminho de busca pela renovação
das paróquias, desde a década de 70, temos contado com a experiência das
Missões Populares, assumida por diferentes grupos e congregações religiosas que
atuam nas missões.
As Missões Populares (Santas Missões
Populares) buscam, por diferentes caminhos e meios, concretizar a
missionariedade da paróquia, suscitando e dinamizando setores e pequenos grupos
de famílias e de seguimentos da Igreja.
As Santas Missões Populares têm como
meta a geração de discípulos missionários inseridos no seio de pequenas
comunidades eclesiais, células vivas da paróquia, numa experiência de
agrupá-las em setores (núcleos de evangelização) dentro da paróquia, no seio da
grande comunidade, que é a diocese.
No esforço de renovação da paróquia, as
Santas Missões Populares são um meio de reinventar a paróquia e fazer dela uma
rede de pequenas comunidades compostas de pessoas com experiência de
discipulado e compromisso missionário, na “alegria
de ser discípulo missionário de Jesus Cristo”.
As Santas Missões Populares, na linha
da Conferência de Aparecida, são um instrumento privilegiado capaz de propiciar
a passagem de uma paróquia centrada numa pastoral de conservação a uma paróquia
rede de comunidades missionárias e comprometidas na defase da vida. Neste processo
dois elementos se fazem necessários: a formação
dos leigos e a organização eclesial.
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