No nosso artigo precedente propomos as Santas Missões Populares como
um meio estratégico de colocar a paróquia em estado permanente de missão, tendo
como eixos integradores a formação dos leigos e a organização eclesial.
Porém, estamos profundamente convencidos que protagonismo
missionário dos leigos e paróquia em missão permanente não será possível sem presbitério
missionário.
Um presbitério missionário será possível quando seus membros se
deixarem ser profundamente tocados pela missão de Jesus, como seguidores do
Mestre e, continuadores da mesma missão. O presbitério que se deixa plasmar
pela mesma missão de Jesus será missionário, participativo e fecundo. Assim será
um presbitério livre, profético e servidor.
O sinal visível de um presbitério missionário é ser formado de
presbíteros que vão além dos confins de suas comunidades, paróquias ou grupos,
pois é próprio da missão superar barreiras e fronteiras. Sentem-se, igualmente,
corresponsáveis e disponíveis pelo trabalho evangelizador de toda a Igreja
Particular (Diocese), mas também não se sentem completos e satisfeitos apenas
com a dimensão da sua diocese, alimentam e sentem seus corações pulsarem pela
missão além-fronteira.
Outro sinal de um presbitério missionário será sempre o de alimentar
a vocação missionária no seio da sua Igreja Particular e, sabendo acolhê-la como
um dom e uma vocação suscitados pelo Espírito Santo, no seio da Igreja Local.
Mas que saberá também por pobre que seja e, por pequeno que seja
este presbitério, será capaz de abrir-se, doar-se e motivar, seus membros
(presbíteros) para a missão em outras regiões, em outros países.
Numa palavra: é
saber partilhar da sua pobreza, pois “a maturidade da
Igreja não é quando todos os problemas da diocese estão resolvidos, mas sim
quando é capaz de abrir os olhos e o coração para olhar o mundo” (Dom Erwin
Krauther).
A maturidade e a mística do seguimento de Jesus, expresso numa
atitude de missionariedade dos presbíteros, faz que estes tenham olhos abertos
às necessidades do mundo, aos problemas da Igreja Local e Universal, mas também
aos problemas da humanidade. Um presbitério fechado em si mesmo, puramente apegado
a questões de cunho religioso, que gira em torno de seu mundinho ou que não
aceita quem pensa diferente e, age diferente muitas vezes criticamente, não
expressa maturidade e espírito missionário.
A atitude missionária de um presbitério lança-o a está atento aos
desafios do mundo, às angústias da humanidade e, será sempre capaz de se lançar
com fidelidade e consciência histórica, colocando-se a serviço na defesa da
vida humana e da vida do planeta.
O espirito missionário de um presbitério é que o torna profético,
livre e saudável na sua ação evangelizadora. Olha para o mundo, vê os sofrimentos
e as angústias da humanidade e se lança, sem reservas e restrições, não cedendo
a tentação do poder, do ter e dos acordos políticos, muitas vezes em nome de um
ministério para todos, querendo benefícios e privilégios próprios.
Isso não significa facilidade e tranquilidade,
mas muitas vezes rejeição, incompreensão, injustiça. Porém, a mística do
seguimento a Jesus Cristo, sustentará e fará perceber não poucas vezes que “muitas
portas” neste mundo se fecharam para o presbítero, contudo, necessárias para
que as do Reino de Deus se abram, pois, somente um presbitério missionário e
pautado na ‘mística do seguimento’ será capaz de suscitar e sustentar leigos e
leigas missionários.
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