22 de mar. de 2009

O(A) CATEQUISTA: DISCÍPULO(A)-MISSIONÁRIO(A) NA COMUNIDADE ECLESIAL

Apresentar a pessoa do catequista na dimensão do discipulado e da missionariedade nos faz pensar na V Conferencia do Episcopado Latino-Americano e Caribenho, realizada em Aparecida do Norte, São Paulo, de 13 a 31 de maio de 2007. Nossa proposta de reflexão segue dois caminhos bem precisos, pois, assim se realiza a missão do catequista:
a)O ser Discípulo-Missionário do Catequista refere-se ao seu ser, enquanto pessoa humana e cristã;
A respeito da relação entre catequese e evangelização o Diretório Nacional de Catequese diz: “o fruto da evangelização e catequese é o fazer discípulo: acolher a Palavra, aceitar Deus na própria vida, como dom da fé”. Porém, da nossa parte existe algumas exigências. Estas exigências podem ser resumidas em duas palavras evangélicas: conversão e seguimento!
Diz, igualmente, o DNC: “A fé é como uma caminhada, conduzida pelo Espírito Santo, a partir de uma opção de vida e uma adesão pessoal a Deus, através de Jesus Cristo, e ao seu projeto para o mundo. (...). O seguimento de Jesus Cristo realiza-se, porém, na comunidade fraterna. O discipulado, que é o aprofundamento do seguimento, implica renúncia a tudo o que se opõe ao projeto de Deus e que diminui a pessoa” (DNC, 34).
Somos conscientes que o mundo de hoje exige do catequista uma profunda formação, pois, este passa por profundas e rápidas mudanças e, portanto, a atividade catequética necessita de gente capaz de dar novas respostas às perguntas pertinentes da humanidade, tudo isso, porém, sem perder de vista o horizonte do Reino de Deus, a comunhão eclesial e seu ser anunciador de uma mensagem de salvação, porém, não é sua palavra, mas a Palavra de Deus, transmitida de geração e m geração, seguindo as orientações da Igreja, as propostas de seus respectivos pastores, na transmissão fiel daquilo que os pastores receberam e transmitem aos seus fiéis, muitas vezes por meio da atividade catequética exercida pelos ministros leigos, seus colaboradores diretos na transmissão do ensinamento do Evangelho.
b) O ser discípulo missionário na Comunidade Eclesial refere-se à sua missão. Ao que diz respeito à missão do catequista, este possui uma profunda relação com a sua comunidade, exerce uma atividade comunitária, na comunidade, em nome dela e para ela, como membro vivo da Igreja, portanto, sua missão é uma missão eclesial. Aquilo que o Diretório Geral para a Catequese chama de eclesialidade da mensagem evangélica, dizendo: “A catequese não é outra coisa senão o processo de transmissão do Evangelho, tal como a comunidade cristã o recebeu, compreende, celebra, vive e comunica de diversos modos” (DGC, n. 105).
O Diretório Geral para a Catequese apresenta a atividade catequética como uma atividade de toda a igreja, dizendo: “A catequese é um serviço único, realizado conjuntamente pelos presbíteros, diáconos, religiosos e leigos, em comunhão com o bispo”, portanto, toda a comunidade cristã deve sentir-se responsável por este serviço” (DGC, 219).
A fé transmitida pelos catequistas é a mesma recebida pelos apóstolos do próprio Jesus Cristo; estes por sua vez transmitiram aos seus sucessores, os bispos e, deles e em comunhão com eles, todos os seus colaboradores, os presbíteros. Nesta seqüência, em cada diocese, o bispo é o primeiro catequista, o “catequista por excelência” (Catechesi Tradendae, 63). A ele compete entre outras atividades para com a catequese, a de “suscitar e alimentar uma verdadeira paixão pela catequese; uma paixão, porém, que se encarne numa organização adequada eficaz”; empenhar-se para que os “catequistas sejam perfeitamente preparados para sua missão, conheçam cabalmente a doutrina da Igreja e aprendam na teoria e na prática, as leis da psicologia e as disciplinas pedagógicas” (DGC, 223).
O texto da III Semana Latino-Americana de catequese, descreve o atual contexto histórico e a necessidade da formação dos nossos catequistas nas seguintes palavras: “o contexto histórico e sócio-cultural de nossos povos com os rostos da globalização, do secularismo, do sincretismo religioso e do relativismo entre outros, está incidindo fortemente na vivencia cristã. Por um lado, isto oferece a oportunidade de viver a catolicidade, de buscar uma maior profundidade nos princípios fundamentais e nas convicções, mas, por outro lado, influi em um enfraquecimento que se manifesta no relativismo moral, na perda de referências à comunidade eclesial concreta, no abandono da Igreja católica, na falta de crença e na perda de sentido e de compromisso”[1].
1. A URGÊNCIA DA FORMAÇÃO PARA O DISCIPULADO NA CATEQUESE
Não poderia ser diferente, num contexto diversificado desse, com suas sombras e luzes, a preocupação fundamental dos pastores da Igreja, quer sejam bispos e padres, senão a preocupação em formar homens e mulheres comprometidos com a causa do Reino de Deus. Portanto, para isto requer-se “uma formação catequética realizada no contexto eclesial, pois, o catequista é, antes de mais nada, membro da Igreja, testemunha da fé e enviado por ela para anunciar a mensagem evangelizadora”[2].
O Diretório Nacional de Catequese, nos orienta na direção dizendo que “o momento histórico em que vivemos, com seus valores e contravalores, desafios e mudanças, exige dos evangelizadores preparo, qualificação e atualização. Nesse contexto, a formação catequética de homens e mulheres ‘é prioridade absoluta’ (cf. DGC, 234)”. Esta formação deve partir das bases da fé, isto é, inicial e permanente, na qual tem um tempo para seu começo, mas que durará por toda a vida, considerando que o ser humano e o mundo avançam assustadoramente e, nós como igreja temos que nos dar conta destas mudanças, procurando sempre aprofundar melhor nossos conhecimentos para que possamos melhor servir, caso contrário, colocamos em risco nossa identidade e nossa missão de cristãos, pois, “qualquer atividade pastoral que não conte, para sua realização, com pessoas realmente formadas e preparadas coloca em risco a sua qualidade” (cf. DGC, 234)[3].
A III Semana Latino-Americana de Catequese, refletiu muito bem a preocupação e a necessidade da formação do catequista, pois, muitas vezes estávamos supondo que nosso povo tinha sido suficientemente evangelizado, quando na verdade na sua grande maioria não tem a mínima consciência e mentalidade cristã, dizendo: “este contexto nos desafia e exige uma ‘revisão profunda’ na maneira de educar na fé e, por isso mesmo, da formação do catequista. ‘É imperativo elaborar uma educação na fé que forje uma identidade cristã sólida, com uma consciência lúcida de ser discípulo missionário de Jesus Cristo na comunidade’”[4].
A formação dos catequistas precisa ser conduzida por este modelo catecumenal para que, uma vez convertidos e evangelizados, convertam-se eles mesmos em discípulos missionários, por isso, ela precisa ser um processo que inicie verdadeiramente as pessoas no mistério de Deus, por meio da experiência litúrgica e do aprofundamento da doutrina evangélica, somente assim, a catequese deixará de ser um mero ensino, transformando-se mais em mistagogia, experiência vivencial de Deus, que conduz à interiorização do mistério, valendo-se da linguagem dos sinal, dos símbolos, dos ritos e das celebrações[5].

[1]. CNBB, A Caminho de um novo paradigma para a catequese. III Semana Latino-Americana de catequese. 2008 (n. 68), p. 37.
[2]. Idem, (n. 69), p. 37.
[3]. DNC, 252. Os documentos recentes da Igreja têm manifestado grande preocupação para com a formação dos agentes de pastoral, catequistas, leigos comprometidos e, todo o povo de Deus. Cf. Documento de Aparecida, n. 276; Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, n. 88-99; Diretório Nacional de Catequese, n. 283, 291-292, 314-318; Texto-Base: Ano Catequético Nacional de 2009, n. 119.
[4]. CNBB, A Caminho de um novo paradigma para a catequese. II Semana Latino-Americano de catequese. 2008 (n. 70), p. 38.
[5]. Cf. DGC, 84-85; Cf. CNBB, A Caminho de um novo paradigma para a catequese. II Semana Latino-Americano de catequese. 2008 (n. 71-73), p. 38.

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