Pe. Izidorio Batista de Alencar
Há trinta anos atrás, o mundo “como que em dores de parto”, assistia a dolorosa notícia do assassinato de Dom Oscar Romero. Exatamente, naquele 24 de Março de 1980, durante o ofertório da missa enquanto celebrava a Eucaristia em memória de dona Sarita Jorge Pinto, com sua família e vários doentes de câncer do pequeno Hospital da Divina Providência, na capital de El Salvador, na América Central.Hoje 30 anos depois, em várias partes do mundo, faz-se mobilizações, vigílias, romarias e missas na sua memória. São inúmeras as pessoas que de diversas partes do mundo acorrem a El Salvador para celebrar esta memória e visitar os lugares, onde viveu, pregou, defendeu a vida do seu povo e, onde este “pastor e mártir” derramou o seu sangue, como sinal de libertação e de vida para o seu rebanho.Já no início do cristianismo, quando ser cristão não era tradição, nem fato social, Tertuliano vendo o testemunho e a coragem de tantos homens e mulheres, por amor a Jesus de Nazaré e amor aos irmãos e irmãs, afirmou que: “o sangue dos mártires é semente de novos cristãos”. Esta sábia profética expressão de Tertuliano é muito verdadeira e ganha pleno sentido, quando hoje vemos milhares de pessoas que frente a toda a perseguição e tortura do povo salvadorenho, enfrentam as forças de oposição e celebram com ousadia e coragem a memória do venerável Oscar Romero.Acabo de ler um testemunho de Luiz Carlos Susin, que se encontra em El Salvador, para participar do Simpósio “A los 30 anõs del martírio de Monseñor Romero: conversión y esperanza” (Disponível em: http://www.adital.org.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=46319). Neste seu testemunho encontro vários pontos que me chamaram à atenção, mas destaco apenas, aquilo que ele fala das “crianças e jovens que mesmo sem terem conhecido Dom Oscar Romero recorrem aos lugares para celebrar esta memória porque intuem nele um pai a quem admirar”.Recordo de muito cedo na minha vida ter ouvido falar de Dom Oscar Romero, assim fui crescendo e sempre mais esta história me chamava a atenção. Quando então, ingressei no seminário, no meu primeiro retiro espiritual, a pregadora projetou um filme (não sei o nome) de Dom Romero. A vida e o testemunho daquele homem me comoveram e, por várias vezes não contive as lágrimas. Foi então, a partir daquele dia que comecei a elaborar o meu Projeto de Vida, como um jovem aspirante ao ministério sacerdotal. Durante a caminhada de formação pelos diferentes lugares por onde passei na caminhada formativo, muitas foram as dificuldades e incompreensões enfrentadas, porém, auxiliado pela graça divina e sob a intercessão do bem aventurado Oscar Romero, consegui vencer e chegar ao fim deste processo de formação nos seminários.Numa destas grandes turbulências enfrentadas no processo formativo, tendo sido ameaçado de ser mandado embora do seminário, confiei a minha vocação sacerdotal a Jesus Cristo, espelhando-me no testemunho de Dom Romero, pedindo-lhe coragem e discernimento naquele momento, prometendo-lhe, no entanto, um dia presidir a eucaristia sob o túmulo onde jazem os seus restos mortais.Atualmente, com um ano e pouco de ordenado, sei que sempre contei e contarei muito mais com esta presença espiritual intercessora, do pastor e mártir, dom Oscar Romero. Neste momento histórico, frente a tantas crises que passam nossas casas de formação, precisamos pedir a Deus, por intercessão de Oscar Romero, para que nossos jovens queiram consagrar-se ao teu serviço, sobretudo, na opção pelos mais pobres e excluídos, em vez de fazerem do ministério um meio de status e de poder.
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